Ter créditos ativos, como crédito habitação, crédito pessoal ou crédito automóvel, não significa que esteja impedido de construir uma reserva financeira. Pelo contrário: criar um fundo de emergência torna-se ainda mais essencial para enfrentar imprevistos como problemas de saúde, desemprego ou reparações urgentes. Embora muitos acreditem que poupar nesta fase é impossível, a verdade é que, com disciplina e um plano estruturado, é perfeitamente viável juntar um fundo de emergência em apenas seis meses — mesmo com encargos mensais com empréstimos.

Este artigo fornece um plano detalhado e prático para que consiga começar a poupar agora, independentemente dos créditos que tenha em curso.

O Que é um Fundo de Emergência e Por Que é Importante?

Um fundo de emergência é uma quantia de dinheiro reservada exclusivamente para cobrir situações inesperadas e urgentes, como:

  • Perda de emprego;

  • Despesas inesperadas com a saúde;

  • Reparações urgentes na casa ou no carro;

  • Desastres naturais ou outros imprevistos.

A recomendação geral é que o fundo de emergência cubra entre 3 a 6 meses das suas despesas mensais. Se as suas despesas fixas mensais somam 1.200€, o ideal seria acumular entre 3.600€ a 7.200€. Contudo, começar com um valor mais modesto, como 1.000€, já é um excelente passo inicial.

Etapa 1: Diagnóstico das Suas Finanças

Antes de mais nada, é fundamental fazer um diagnóstico detalhado da sua situação financeira. Para isso, siga os seguintes passos:

  1. Analise seus rendimentos líquidos (o que realmente recebe no final do mês, após descontos).

  2. Liste todas as suas despesas fixas, incluindo crédito habitação, créditos pessoais, serviços essenciais (energia, telecomunicações, alimentação, transporte), e qualquer outro gasto recorrente.

  3. Calcule a sua margem de poupança: subtraia as suas despesas dos rendimentos. Isso mostrará quanto pode dedicar para o fundo de emergência.

Por exemplo, se tem 1.500€ de rendimentos líquidos e 1.000€ de despesas mensais fixas, sobra-lhe 500€ por mês. Se tiver créditos, poderá ser necessário ajustar as despesas ou aumentar a poupança de outras formas.

Etapa 2: Defina o Valor a Poupar

Estabeleça uma meta clara para o seu fundo de emergência. O ideal seria ter uma reserva que cubra entre 3 a 6 meses de despesas, mas, como mencionamos, pode começar com um valor menor.

Divida o valor total que deseja alcançar pelos próximos 6 meses. Por exemplo:

  • Meta: 1.200€ de fundo de emergência

  • Poupança mensal necessária: 200€

Se quiser uma reserva maior, ajuste o valor mensal. Mas lembre-se, a chave é ser realista e garantir que o valor mensal seja acessível, sem comprometer outras prioridades financeiras.

Etapa 3: Automatize a Poupança

A consistência é crucial na criação do seu fundo de emergência. A melhor forma de garantir que o dinheiro será poupado é automatizando o processo.

  • Crie uma conta separada: Tenha uma conta poupança onde irá transferir automaticamente uma parte do seu rendimento.

  • Defina uma transferência automática logo após o depósito do seu salário, assim não corre o risco de gastar o que foi destinado à poupança.

  • Não mexa nesse valor: O fundo de emergência deve ser intocável, exceto em situações realmente urgentes.

Se a transferência automática for de 200€ por mês, não permita que esse valor seja desviado para outras despesas.

Etapa 4: Otimize os Seus Créditos Ativos

Mesmo com créditos em curso, pode adotar algumas estratégias para liberar mais dinheiro mensal para a poupança.

  1. Renegociar as condições dos créditos: Entre em contacto com o seu banco para tentar reduzir as taxas de juro ou alongar o prazo dos créditos, o que pode diminuir a prestação mensal.

  2. Consolidação de créditos: Se tiver vários créditos com taxas de juro altas, considere consolidá-los numa única prestação, que geralmente pode ser mais baixa e com condições mais vantajosas.

  3. Refinanciamento do crédito habitação: Se o seu crédito habitação tem uma taxa de juro elevada, procure uma instituição que ofereça melhores condições de financiamento. Isso pode resultar numa redução significativa da prestação mensal.

Etapa 5: Reduza Despesas Não Essenciais

Se os créditos comprometem a sua capacidade de poupança, talvez seja necessário cortar algumas despesas temporariamente.

  1. Corte de subscrições não essenciais: Cancelar serviços de streaming, ginásios ou outras subscrições temporárias pode liberar dinheiro.

  2. Despesas com alimentação: Optar por cozinhar mais em casa e reduzir o número de refeições fora pode resultar numa poupança significativa.

  3. Compras com mais consciência: Evite comprar impulsivamente e prefira marcas mais económicas para itens essenciais.

Esses ajustes podem parecer pequenos, mas quando aplicados com consistência, podem liberar uma quantia considerável para a sua poupança.

Etapa 6: Aumente os Seus Rendimentos

Uma forma eficaz de aumentar o valor do seu fundo de emergência é gerar rendimentos extras. Algumas ideias para isso incluem:

  1. Venda de objetos usados: Aproveite para vender itens que não utiliza mais, como móveis, roupa ou aparelhos eletrónicos.

  2. Freelancing ou trabalhos temporários: Se tem uma habilidade que pode ser monetizada (como escrita, design, tradução, entre outros), procure oportunidades para aumentar o seu rendimento mensal.

  3. Arrendamento de espaços: Se tem um quarto ou até uma garagem disponível, considere arrendá-los para obter um rendimento extra.

Mesmo que consiga gerar apenas 100€ a mais por mês, isso ajudará a acelerar o processo de criação do fundo de emergência.

Etapa 7: Monitorize o Progresso

Acompanhe o seu progresso mensalmente. Isso irá ajudá-lo a perceber se está a atingir as suas metas ou se precisa de fazer ajustes. Ferramentas como apps de finanças pessoais ou uma planilha simples podem ser muito úteis para manter o controle das suas receitas e despesas.

Se, por algum motivo, não conseguir atingir a meta de poupança num mês, não desista. Continue a seguir o plano e, se necessário, ajuste a sua meta para os próximos meses.

Criar um fundo de emergência em 6 meses, mesmo com créditos ativos, pode parecer um desafio, mas é totalmente possível com disciplina e organização financeira. Ao seguir um plano estruturado e adaptar-se às suas condições financeiras, conseguirá atingir a sua meta e garantir maior segurança financeira para si e para a sua família.

Lembre-se: cada pequeno passo conta. A consistência e a paciência são as chaves para alcançar a sua meta de poupança. Em vez de esperar pelo momento “perfeito”, comece agora — o seu futuro financeiro agradece.

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